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Meninos do Morro

Essa matéria é uma das preferidas, que adorei fazer, com a ajuda de duas colegas de sala, Maísa Capobiango e a Mara Bianchetti. Acredito que esse seja o primeiro passo para que eu consiga colocar a pedreira - lugar onde fui criada e cresci - em evidência.
Meninos do Morro, lapidando a Pedreira
Com tambores, repiques, pandeiros e agogôs, jovens e crianças buscam no grupo o sonho de uma vida melhor
Foto Renata Cotta
Maísa Capobiango, Mara Bianchetti e Renata Cotta

Tudo começou no ano de 1999, na Pedreira Prado Lopes, um dos maiores aglomerados de Belo Horizonte, quando a jovem Viviane Cipriano se reunia com os amigos, sempre aos domingos, para tocar instrumentos de percussão. No dia seis de julho do mesmo ano, depois de atrair crianças o jovens, o grupo chamado Meninos do Morro se tornou uma banda.
Meninos do Morro, hoje, conta com 150 crianças e adolescentes numa programação que começa na sexta-feira e só termina no domingo. Viviane, coordenadora do projeto desde o início, fala que seu sonho é ver os meninos se profissionalizando e tendo a oportunidade de se apresentar em palcos de todo o Brasil. “Queria que isso virasse um ofício e não só uma coisa da qual a cidade se orgulha; as pessoas adoram vê-los tocando, mas desconhecem as dificuldades que passam — os aplausos são lindos, mas não saem dali”, afirma Viviane.
Em 2004, um projeto do governo chamado “Fica Vivo”, que tem como objetivo prevenir a criminalidade, chegou à Pedreira e implantou oficinas de arte, futebol, dança, capoeira e grafite, todas visando o enriquecimento cultural dos jovens. As aulas são dadas pelos chamados “oficineiros” em diversos espaços cedidos por escolas da região ou no Centro Cultural da Pedreira. “A gente dá preferência para educadores da própria comunidade”, afirma Daniela Cotta, coordenadora do Núcleo do Fica Vivo no aglomerado.
Todas as oficinas são idealizadas pela própria comunidade, que indica o projeto, que pode ser ou não aprovado. Assim surgiu a oficina de percussão, que conta com integrantes da banda Meninos do Morro como multiplicadores — ou seja, como monitores da oficina. “Meu único arrependimento de ter entrado é agora não ter coragem de sair”, afirma Viviane, que diz não ter tempo para cuidar de sua vida pessoal. “Mas se tivesse que recomeçar, faria com o maior prazer”, diz.
A banda já se apresentou em diversos eventos fora e dentro de Belo Horizonte. Em março deste ano, abriu o Axé Brasil, uma festa que reúne cerca de 20 bandas baianas no Mineirão. “Ver aqueles meninos que começaram com 12 anos e hoje estão com 18, chorando diante daquele mar de gente foi a minha satisfação”, emociona-se a coordenadora. O que também ficará marcado para os meninos é a apresentação que fizeram em Poços de Caldas, a primeira viagem deles como artistas.
Além de levar entretenimento e música boa para todo o Estado, Meninos do Morro incentiva jovens e crianças a manterem firmes um olhar positivo sobre o futuro. Para seus integrantes, o grupo não é só uma ocupação, mas um alicerce para ajudar a construir uma vida diferente da que tomou amigos e parentes, que não tiveram a mesma sorte. Fernando Luis Circunde, de 18 anos, se orgulha de dizer que está há seis anos no projeto — “Hoje me sinto em família com o pessoal”.

Transformação através de um ideal


Localizado na região Noroeste de Belo Horizonte, próximo ao Hospital Odilon Behrens e ao Departamento de Investigação, o aglomerado é conhecido como um dos mais antigos e violentos de Belo Horizonte, com intenso tráfico. Mas, há tempos, vem desenvolvendo atividades culturais, dando a seus moradores uma série de oportunidades. A Pedreira abriga hoje cerca de 12 mil pessoas numa área de 142 mil metros quadrados, sendo que 58% da população é de adolescentes.
Uma das características da região é a concentração de criminalidade por ser uma área menos favorecida, sem quaisquer opções de lazer. Para reverter esse quadro, surgem grupos como o Meninos do Morro, que ajudam na reestruturação da vida de muitos jovens, como Éder Luiz dos Santos, que tem 24 anos e está há sete no projeto. Segundo ele, entrar no grupo foi importante para livrá-lo do tráfico. "Eu estava perdido, não estudava, tive envolvimento com os traficantes", afirma Éder, hoje um dos multiplicadores, que dá aulas de grafite no projeto Guernica, visando a preservação do espaço urbano.


6 comentários:

  1. Anônimo15:07

    Eita orgulho!
    Ver um projeto desses dando certo dá a esperança de que o futuro pode ser diferente do que todo mundo está esperando. Uma pontinha de luz se acende, ao som de muita música, tambor e alegria.

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  2. Que Projeto lindo... só com a ajuda de voluntários que esse mundo vai pra frente, pessoas que querem uma sociedade mais justa, um mundo digno para que todos possam tentar ter uma vida melhor. Projetos como este mostram que apesar de tudo, o país não está perdido!

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  3. Muito legal ter feito essa matéria, né, Rê? Fiquei muito feliz com a repercussão dela. Dá muito orgulho saber que a gente ajudou a dar algum incentivo a esses meninos.
    Um beijo!!

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  4. Rêêêê...
    Fico muito feliz por você. A cada dia que passa, você vem mostrando que não está no mundo por brincadeira. A matéria do MENINOS DO MORRO é muito legal. Parabéns mesmo!!! Espero também poder desenvolver atividades junto com você.

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  5. Oi eu sou de Floripa e tou buscando modelos de projetos que deram certo, por acaso voce teria ou saberia onde eu posso encotrar sobre os Meninos do Morro? Quero bolar um projeto paras as crianças de um bairro que ta começando a sofer favelizaçao... Qualquer ajuda é bem-vinda! Obrigada

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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